quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

LIÇÃO 12 - Davi eo seu sucessor

INTRODUÇÃO

Palavra Chave:Sucessão
Do latim sucessionis, passagem, transmissão de direitos. Na lição significa a continuidade da monarquia davídica.

Sabemos pela Escritura que o governo monárquico de Davi teve uma longa duração, cerca de 40 anos. Mas, como nenhum governo humano tem a capacidade de se perpetuar, chegou o tempo do segundo monarca de Israel passar o cetro para o seu sucessor. A história mostra-nos os últimos atos daquele que, sem dúvida, foi um dos maiores governos da história bíblica. Davi é um dos poucos personagens da Bíblia que tem a rara capacidade de nos causar admiração e decepção ao mesmo tempo. Admiração pela sua piedade e coração quebrantado; e decepção por haver falhado quando todos vibrávamos por seus acertos. Seja como for, o velho monarca conseguia ainda ouvir a Deus e, por isso, foi capaz de preparar um sucessor.

I. UM SUCESSOR INDICADO POR DAVI, MAS ESCOLHIDO POR DEUS

1. As insubmissas escolhas humanas.
A transmissão do reino a Salomão não aconteceu de forma tão amistosa e pacífica. Durante seu reinado, Davi teve que administrar alguns conflitos internos que provaram ser extremamente danosos. O mais impressionante é que os levantes contra a autoridade real, isto é, as tentativas de golpe de estado, não vieram, por exemplo, dos militares, mas de seus próprios filhos: Absalão (2 Sm 15.4) e Adonias (1 Rs 1.5). Nenhum deles havia sido escolhido por Deus para suceder Davi. De fato, o que observamos são homens ávidos pelo poder e que desejavam sentar-se no trono a qualquer custo. Eram escolhas e projetos meramente humanos para uma nação que tinha, de Deus, um desígnio divino a cumprir (Sl 135.4).
2. A escolha divina.
Quando Davi ainda fazia seu projeto para a construção do Templo, Deus revelou ao profeta Natã que um de seus filhos, e não ele, seria o escolhido de Deus para construir o Santuário (1 Cr 17.11-15). A profecia do texto de 1 Crônicas 17.11-15, refere-se primeiramente a Salomão, o herdeiro carnal de Davi, que levantaria posteriormente o Templo. Contudo, ela também aponta para o futuro e prediz o reino eterno do Messias, Jesus Cristo, o filho de Davi. Salomão, portanto, não chegou ao trono por uma simples indicação de Davi, mas por uma escolha divina (1 Cr 22.9), pois, mesmo antes de apresentá-lo ao povo, Davi já sabia dessa revelação divina

SINOPSE DO TÓPICO (1)
Salomão chegou ao trono por indicação divina.

II. UM SUCESSOR DE POUCA EXPERIÊNCIA, MAS QUE HERDOU UM GRANDE LEGADO

1. O legado político institucional.
Sem dúvida um dos grandes legados que Davi deixou para seu filho Salomão foi o fortalecimento das instituições. Uma nação forte possui instituições sólidas. Não devemos esquecer que Israel, até os dias de Samuel, era apenas um aglomerado de tribos. Com Saul, a monarquia foi instaurada, todavia, por causa de seu governo desobediente a Deus, não foi possível consolidá-la. No final do reinado de Davi encontramos as instituições de Israel bastante consolidadas. Observamos nos dias de Davi um exército bem montado, capaz de vencer grandes batalhas e uma guarda real bem aparelhada (1 Cr 18.14-17; 27.32-34). Outro fator que deve ser levado em conta é o sistema judiciário daqueles dias. O rei agia como o juiz do povo (1 Cr 18.14). Entretanto, ele nomeara oficiais e juízes para cuidar da política externa e dos negócios da coroa real (1 Cr 26.29-32). Davi foi hábil na organização até mesmo das minúcias do reino (1 Cr 27.25-31).
2. O legado religioso.
O maior legado deixado por Davi ao seu filho Salomão foi o espiritual. Davi foi um homem que durante sua vida, demonstrou por diversas vezes que era dependente da orientação divina (1 Sm 23.2; 30.8; 2 Sm 2.1), e sabia, portanto, que o reinado do filho só teria êxito se Salomão agisse da mesma forma.
A chave para um reinado bem-sucedido estava no conhecimento e cumprimento das leis imutáveis de Deus, por isso, Davi apela ao filho para que não se esqueça, durante o seu governo, de ser um homem apegado à Palavra de Deus. Ele já havia discursado antes e lembrado toda a congregação de Israel de guardar todos os mandamentos do Senhor (1 Cr 28.8). O aviso fora dado e cabia ao seu filho, juntamente com seus súditos, observar esse importante legado (1 Cr 28.9).

SINOPSE DO TÓPICO (2)
A chave para um reinado bem-sucedido estava no cumprimento das leis imutáveis de Deus.

III. UM SUCESSOR JOVEM, MAS DE GRANDE PIEDADE

1. Na vida privada.
Como já constatamos, ao colocar Salomão no trono de Israel, Davi estava seguindo a orientação de Deus. Todavia, como já vimos em outras lições, a decisão divina não anula nossas responsabilidades diante do Senhor. Esta é uma verdade bíblica incontestável (Dt 30.19). No início do seu reinado, Salomão respondeu bem à vocação divina e proferiu uma das mais belas orações da Bíblia; uma oração que agradou a Deus (v.10). Após ser visitado pelo Senhor durante um sonho, Salomão ora a Deus e, por meio de suas palavras e intenções, ele revela traços de seu caráter piedoso (1 Rs 3.3-15). Mas o que havia na oração do sucessor de Davi que tanto agradou ao Senhor?
a) Ele reconheceu os atributos divinos. Salomão reconheceu a benevolência de Deus (v.6), e deu graças ao Senhor, pois era consciente de que estava no trono pela bondade do Altíssimo e não por causa de seus méritos.
b) Ele demonstrou humildade. Em sua oração, Salomão reconheceu que não passava de uma criança e que não sabia como se conduzir (v.7).
c) Ele demonstrou um grande senso de justiça e não foi egoísta. Salomão orou ao Senhor pedindo um coração sábio, a fim de que soubesse discernir o bem do mal (v.9). Neste particular Salomão se distancia das pessoas comuns, pois não desejou aquilo que parece ser o alvo de todos os homens: longevidade, posses, vingança (v.11). Na oração de Salomão percebemos que ser próspero e abençoado é algo que transcende a tudo isso.
2. Na vida pública.
Algo que marcou o reinado de Salomão foi sua forma de administrar. Tal capacidade chamou a atenção da rainha de Sabá, que constatou esse fato ao visitar a Israel (1 Rs 10.1-13). A chamada rainha do Sul admirou-se da sabedoria de Salomão, da casa que edificara, de seus criados e dos sacrifícios oferecidos ao Eterno. O mais importante de tudo é que o êxito do reinado não foi atribuído unicamente a Salomão, mas ao seu Deus, que foi glorificado na boca de alguém que não o servia (v.9).

SINOPSE DO TÓPICO (3)
A decisão divina não anula nossas responsabilidades diante do Senhor.


CONCLUSÃO
Davi cumpriu a sua missão, mas antes de morrer foi sábio e preparou um sucessor. Embora estejamos separados de Davi por um longo espaço de tempo, os princípios por ele vividos ainda continuam válidos para hoje. A liderança de Davi foi bem-sucedida porque ele não viveu para si, mas para Deus e para o próximo. Será que somos líderes com este perfil? Será que temos buscado esse tipo de vida?

Subsídio Bibliológico
"O reino de Davi veio, completo, para as mãos de Salomão. Era uma área estimada em 128.000 quilômetros quadrados [...]. Sob o domínio de Davi, as condições domésticas em Israel permaneciam primitivas e patriarcais. Davi fez nascer a nação israelita; Salomão produziu o estado israelita. O seu governo era uma monarquia absoluta. Os membros do seu gabinete ampliado eram chamados de príncipes. [...] Ignorando as antigas divisões tribais, Salomão dividiu o país inteiro em 12 distritos administrativos, nove a oeste do Jordão e três a leste. Em cada distrito havia um oficial comissionado cuja responsabilidade era a de fornecer à corte provisões para um mês a cada ano. [...] Porém, várias políticas de Salomão não eram boas: (1) o trabalho forçado desorganizava a vida familiar do seu povo; (2) o comércio internacional trouxe deuses estrangeiros e encorajou a idolatria; (3) seu excessivo programa de construções superou os seus recursos; (4) sua corte esplendorosa cobrava excessivas taxas do seu povo, sobrecarregando a todos; (5) sua imensa poligamia chegava a ser uma tolice [...]. Embora indignado com Salomão, o Senhor, por sua graça, não lhe tirou o reino; mas tirou de seu filho . Mas o Senhor levantou 'adversários' a Salomão. O primeiro foi Hadade, o edomita, que tinha fugido para o Egito durante o reinado de Davi. [...] Mesmo com todas as fraquezas, Salomão [...] foi o responsável pelo estabelecimento do Templo como o santuário religioso central da nação"
(Dicionário Bíblico Wycliffe. RJ: CPAD, 2006. pp1740-42).

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